Por Mariana Ribeiro
Corria o ano de 2010 quando no final de julho na cidade da Mêda ganhava uma nova vida: inaugurava-se um festival que lhe acrescentava (mais) um sem número de boas razões para esta ser palco de 3 longas noites de música e convívio entre um número (sempre) crescente de participantes que a ela se começavam a deslocar, ano após ano. Sete edições depois, além do recinto habitual dos concertos, o festival pensando por (e para) jovens cresceu: com a sua mais recente aposta, o Palco Parque – em pleno Jardim Municipal -, deu-se o pontapé de saída para a VIII edição do Mêda+.
Ana one man band e Gobi Bear foram os protagonistas: bandas de um homem só, Gabriel Salgado e Diogo Pinto, assim respetivamente, estrearam-se no festival naquele que, para ambos, está a ser um ano de grandes surpresas. Músicos e compositores vimaranenses, partilham a cidade berço, a idade e a editora que os representa. Gabriel escolheu um prefixo de origem grega (Ana) para apelidar a sua banda, uma vez que este significa “repetição, evolução e mudança”, assentando perfeitamente na descrição que faz do seu próprio percurso. Sobre sentidos e significados que se possam retirar das suas músicas, destaca que variam “de local para local”, de acordo com a sua performance e disposição, dependendo, por sua vez, do tipo de público e das suas próprias disposições naquele momento. E foi muito isto que trouxe ao Mêda+: para além da apresentação do seu disco “Abril”, lançado em janeiro de 2017, procurou que o público pudesse e conseguisse retirar “as suas próprias experiências” do “som ambiente” que foi entoando pelo Jardim Municipal da cidade. A estrear-se em festivais, Gabriel continuará a “seguir um bom rumo, aproveitando todas as oportunidades” que a música lhe proporciona. Neste caso particular, destaca as condições e factores apelativos do festival, que o farão voltar, não só como músico, mas como campista.
Diogo Pinto, que se apaixonou pela história dos ursos “gobi” (espécie ameaçada devido a mudanças climáticas), voltou à música depois de alguns anos hibernado e 6 discos lançados (entre 2011 e 2014). Através da “beleza das coisas simples”, quis deixar a sua marca: primando pela simplicidade, aceitou “o desafio” do Mêda+, trocando a sua preferência pelo inverno e pelas atuações em salas, para atuar no verão e a céu aberto. Não sabendo ao certo se as pessoas iriam começar a chegar à medida que o concerto ia decorrendo, “de uma forma mais ou menos tímida”, o único Gobi Bear da zona norte do país foi tocando e (en)cantando naquela que foi a segunda atuação da primeira tarde de Palco Parque. Prestes a gravar um novo disco e a atravessar uma fase mais adulta e segura da sua carreira, descreve as suas músicas como “concretas e vagas o suficiente” para significarem o que quer que signifiquem, tendo muito de si e de seu em cada uma delas.
De significados vários também foi preenchida a primeira noite do Mêda+: com um cartaz repleto de nomes tão sonantes quanto estreantes no festival, o recinto encheu-se de largas centenas de jovens para ouvir Nice Weather for Ducks, First Breath after coma e Sensible Soccers, ao longo de três concertos que corresponderam às expectativas dos fãs presentes e da organização. “Last but not least”, o DJ Francisco Cunha encerrou a noite com chave d’ouro, perante um recinto ao rubro.